Capítulo 4

   Os três dias que se seguiram foram os mais longos e angustiantes das vidas das 5 garotas: estavam loucas para ir para aquele hotel maravilhoso e suas tentativas de chegar perto dos garotos em todas as apresentações que eles fizeram para a televisão foram frustradas. Sabiam dos locais, dos horários, estavam lá, mas não nem ao menos falar um “oi” para eles. O máximo que conseguiram foram fotos, assim mesmo distantes. “Isso não vai ficar assim”, pensou Marcela, já de volta ao hotel. “Eu prometo a mim mesma que vou falar com o AJ. Nem que essa seja a última coisa que eu faça na minha vida.”
   Finalmente fizeram as malas e foram para o luxuoso Hotel Hilton, palco de todos os seus sonhos e fantasias. Entraram no primeiro táxi que viram e 15 minutos depois estavam à porta do novo hotel.
   Entrarem pela porta principal e ficaram abismadas com o luxo e a riqueza do local: lustres de cristal por todos os lugares, tapetes persas, mármore dos mais variados tons e móveis antigos, dignos de enlouquecer qualquer colecionador. Estavam apreciando o local quando um dos recepcionistas as interrompeu:
   -Gostariam de alguma ajuda?
   -Temos reservas. Aonde podemos pegar nossas chaves?
   Depois de resolver alguns problemas subiram para o quarto. Dentro do elevador, porém, Marcela não podia parar de olhar para o número 15. “...meu amorzinho está lá...”, pensou ela.
   Após desfazerem algumas das malas, comentaram sobre alguns boatos que ouviram: os garotos já estavam hospedados ali e elas teriam que esperar até a noite para saber se aquilo era realmente verdade.
   Mariana decidiu que iria dormir, Flávia acompanhou-a . Carlota e Rita não estavam decididas sobre o que fazer mas Marcela chegou a conclusão que não iria ficar trancada dentro de um quarto até a noite de jeito nenhum.
   Todas tomaram seus banhos e ficaram conversando até que Marcela resolveu que já era hora de sair de lá.
   -Bem, vou dar um passeio. Alguém vem comigo?
   -Eu vou. –respondeu Rita.
   -E você, Carlota?
   -Não, esse banho e toda essa conversa me deixou meio molinha....vou dormir um pouco com as garotas...
   -Tudo bem, Rita, me espera que eu vou trocar de roupa, ok?
   -Sem problemas.
   Marcela trocou de roupa. Pensou em colocar uma de suas saias, mas ao ver a expressão “esse cinto” estampado no rosto de Rita, mudou de idéia. Optou por sua calça “guerreira” azul-marinho, bem larga, com uma blusinha de alças branca. Nos pés, tênis também brancos. Quando Rita a viu, um único pensamento veio em sua cabeça: se AJ a visse daquele jeito iria querer conhecê-la melhor. Afinal, Marcela não era uma daquelas garotas que AJ deixaria passar. Ela era fascinante e Rita sabia daquilo. Nunca que ela iria querer que Kevin um dia olhasse para ela com outros olhos, a não se amizade.
   -Marcela, em que você está pensando?
   -Sei lá no que você está pensando, Rita...
   -Marcela, essa mesa é para as fãs deixarem seus presentes...como não temos nada para deixar aqui, acho melhor nós irmos embora...
   -Não necessariamente...
   -Marcela, o que você tem em mente?
   Marcela contou a Rita seu plano. Dez minutos depois, Rita voltou do saguão do hotel com papel e caneta. Marcela rabiscou alguma coisa no papel e o colocou em cima da mesa. Mas antes, Rita tomou o papel da mão de Marcela. Leu-o com cuidado.
   -O que você achou, Rita?
   -É, ele vai ficar muito intrigado... “AJ, em breve iremos nos conhecer...”, isso foi no mínimo, muito intrigante.
   -Queria ser uma mosquinha para estar aqui quando o AJ visse esse bilhete.
   Elas estavam conversando quando um homem enorme apareceu no corredor e começou a gritar com elas num inglês quase ininteligível. Marcela pediu calma ao homem , que quase por um milagre ficou calmo:
   -O que vocês duas estão fazendo aqui?
   -Nada. –respondeu Marcela. –Ficamos sabendo que os Backstreet Boys estavam hospedados nesse andar e resolvemos vir até aqui para deixar alguns presentes, mas parece que estávamos enganadas. Eles não estão hospedados aqui, ou ainda não chegaram.
   -É....bem, eles já chegaram sim, e como vocês foram legais comigo, serei legal com vocês também. Meu nome é Paul e eu sou um dos seguranças deles. Eles não estão no hotel porque estão gravando um especial para a Mtv. Eles já devem estar de volta, por isso é melhor vocês descerem e fingir que esse encontro jamais aconteceu.
   Marcela não estava pensando no que Paul estava dizendo e sim no leque de possibilidades aquele encontro abriria.
   -Tudo bem, você não nos conhece nem nós a você. –Rita falou.
   Marcela e Rita entraram no elevador. Não haviam trocado uma palavra desde então.
   -Marcela. O que está acontecendo?
   -Você ouviu o mesmo que eu? O Paul é segurança dos meninos?
   -Claro que sim. Isso não é ótimo?
   Marcela permanecia com a expressão inalterada.
   -Acorda, Marcela!!!
   -Tô acordada, e pensando...
   -Pensando no que?
   -Na loucura que esse hotel vai ficar quando eu encontrar com o Bone...
   -E eu com o Kev...
   Finalmente chegaram ao saguão, não passaram pelo quarto para dar a notícia às meninas. Ao chegar lá, só então perceberam o quanto o hotel era divino. Além de luxuoso, era exótico também. Havia um jardim, que mais parecia um labirinto perto das piscinas. Marcela chegou até à área das piscinas, enquanto Rita ia à sala de jogos comprar chocolate numa das máquinas “invocadas”, como Carlota mesma disse. Marcela parecia perdida nas águas claras daquela piscina, que nem percebeu Rita de aproximar:
   -Mrs. McLean, em que está pensando?
   -Advinha? –ela respondeu em tom provocativo.
   -69, da Bone, Panda...o que mais?
   -Sua boba, cadê meu chocolate?
   -Está aqui. Fiz questão de comprar o chocolate que o fofíssimo e santo irmão de Nick Carter, Aaron, ama....
   -Que eu adoro também...ele me imitou, eu sou mais velha que ele...
   -Desculpa, mas eu vou Ter que discordar de você, ele pode ser mais novo, mas é americano também e deve conhecer esse chocolate há muito mais tempo que você...
   -É, dessa vez vou Ter que concordar...
   Marcela ficou em silencio por alguns instantes. Seus olhos estavam fixados no misterioso jardim. Era como se algo a puxasse para aquele lugar. “Só posso estar enlouquecendo...”, pensou ela.
   -Marcela, algum problema?
   -Sei lá, Rita. Uma sensação estranha parece querer me levar até aquele jardim...
   -Credo, aquilo lá parece mal-assombrado.
   -Rita, eu enlouqueço e você fica paranóica...por que um hotel como esse ia Ter um jardim assombrado?
   -E eu é que sei? Americanos são loucos, gostam de coisas excêntricas, isso pode ser para assustar os hóspedes...
   -Agora você pirou de vez, assustar os hóspedes? Para eles nunca mais virem pra cá? Vamos parar logo com isso, eu vou até lá, você vem comigo?
   -Tô com medo...
   -Deixa de bobeira, levanta o traseiro daí logo e vem comigo.
   -Tá bom, mas fique sabendo que eu só estou indo porque você está praticamente me obrigando...
   -Não estou te obrigando a nada, você é maior de idade, está fazendo isso porque quer. As únicas pessoas que eu obrigo a fazer alguma coisa são os meus homens e sinceramente você não se parece com nenhum deles.
   -Você me convenceu. Vamos lá.
   -Eu sabia que o meu velho poder de persuasão, unido ao meu charme irresistível iriam acabar te convencendo...
   -Sua safada! Agora que me convenceu, admite que estava jogando comigo! Eu te odeio por isso!!!
   -Odeia nada, você me ama, eu sei disso...e vamos deixar de papo, levanta logo...
   -Eu te odeio por usar seus métodos jurídicos para me convencer a fazer algo que eu não queria...
   -Rita, cai na real. Você está tão curiosa quanto eu, deixa de ser boba e fazer o gênero de “mocinha inocente,  ingênua e inconformada”, você já passou dessa idade.
   -Tudo bem, não vamos discutir sobre quem enganou quem, vamos ao jardim.
   Levantaram-se e contornaram todas as piscinas até chegarem à entrada do jardim. Era suntuoso. Ao lado dele havia uma placa, com a seguinte inscrição: “PENSANDO EM PROPORCIONAR UM POUCO DE DIVERSÃO AOS NOSSOS HÓSPEDES, CRIAMOS ESSE JARDIM EM FORMA DE LABIRINTO. SE POR UM ACASO SE AVENTURAREM NELE E SE PERDERAM, NÃO GRITEM; PERTO DE VOCÊS HAVERÁ UMA PLACA INDICANDO A SAÍDA, MAS É CLARO QUE ELA ESTÁ UM POUCO ESCONDIDA E VOCÊS TERÃO DE PROCURÁ-LA. BOA DIVERSÃO. SINCERAMENTE ROBERT HILTON, FUNDADOR.”
   -Procurar? Eu só posso Ter enlouquecido quando permiti que você me trouxesse até aqui. Se antes que já estava com medo, agora mesmo é que eu não entro aí.
   -Então eu vou sozinha. –disse Marcela, que foi instantaneamente contida por Rita.
   -Sozinha você não entra aí de jeito nenhum, eu não vou deixar.
   -Solta meu braço, deixa de ser louca, não tem nada aí, a não ser mato, afinal é um jardim...
   -Tudo bem, mas promete que não vamos nos perder...
   -Eu prometo.
   Elas se viraram para entrar no jardim quando dois homens vieram na direção delas. A única reação de Rita foi desmaiar, Marcela ficou catatônica. Não conseguia falar, piscar os olhos, nem ao menos respirar. Um dos homens pegou Rita no colo enquanto o outro tentava reanimar Marcela.
   -Para onde vamos levá-las? –perguntou um deles.
   -Não sei, nem ao menos sei quem são elas, o que fazemos? –respondeu o outro.
   -Acho que tenho a solução. Lá dentro do jardim tem alguns bancos. Elas podem descansar lá.
   -Mas os outros estão nos esperando, vamos nos atrasar.
   -Não me importo, essas garotas estão assim por nossa causa e nós temos que fazer alguma coisa. –disse o homem com Rita em seus braços fortes.
   -Tudo bem, você me convenceu. –respondeu o outro, também pegando Marcela no colo.
   Os quatro entraram no jardim. Era encantador, quem estava de fora jamais iria imaginar que dentro daquele lugar haveria tamanha beleza. Eles colocaram as duas em dois bancos. Parecia que Marcela havia recobrado a consciência. Ela abriu os olhos e não conseguia acreditar em quem estava parado à sua frente. Ela balbuciava e gaguejava ao mesmo tempo:
   -M...meu Deus...é você...AJ....
   -Parece que você está bem agora, né? –perguntou AJ.
   Marcela não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não conseguia pensar, falar, só queria ficar ali, olhando para aqueles olhos castanhos...
   -Eu...bem, isso está realmente acontecendo? –perguntou ela, um tanto aturdida.
   -O que exatamente? –AJ devolveu a pergunta sorrindo.
   -Você está realmente aqui?
   -Eu acho que sim...é o que parece, não é? –ele respondeu.
   -O que aconteceu? Eu só me lembro de Ter entrado na mais profunda escuridão...
   AJ continuava sorrindo. Havia conhecido aquela garota há pouco tempo, mas ela o fascinava cada vez mais. Queria saber mais sobre ela.
   -Sinceramente, não sei. Acho que você e sua amiga se assustaram com a gente e aqui estamos nós. –ele abriu os braços e abriu um largo sorriso para ela.
   Só então Marcela se deu conta de Rita.
   -Meu Deus, aonde está minha amiga?
   -Calma, ela está ali, deitada naquele banco. O Kev está fazendo companhia a ela.
   Marcela virou-se para contemplar a cena. Rita, com seu lindo vestido estampado, sendo observada pelos olhos verdes de Kevin. Ela seu um sorriso. “Ah, se ela pudesse estar vendo isso...”. Marcela olhou para  o lado e percebeu que pela expressão no rosto de AJ ela não só havia pensado como falado. Olhou-o meio sem graça e lhe deu um sorriso. Ele retribuiu com uma afirmação que quase a fez desmaiar:
   -Você fica bem mais bonita quando está sorrindo...
   Ma5rcela sorriu mas desviou o olhar. Aqueles olhos castanhos eram perigosos. “Assim como todas as partes do corpo dele...” , pensou Marcela. Virou-se novamente para ver Rita, que perecia estar acordando.
   -Acho que ela está acordando... –disse AJ.
   -É, eu vou até lá.
   Marcela levantou-se a se aproximou de Kevin. Ela nunca o havia visto tão bonito. Usava uma calça cargo verde escuro com uma camiseta preta que deixava à mostra os braços fortes. Ela olhou para ele e sorriu:
   -Desculpa pelo que aconteceu...
   Ele sorriu e ela pôde perceber o quanto os dentes deles eram lindos e o quanto ele era adorável.
   -Não há o que desculpar. Nós quatro nos assustamos. Acho que nós também devamos desculpas a você e à sua amiga...
   -É, bem, ela está acordando...
   Rita virou-se meio atordoada por causa do desmaio. Seus olhos se abriram lentamente e ela pôde contemplar Kevin:
   -Será que eu morri e fui pro céu? Isso não pode estar acontecendo, você não pode estar aqui... – disse ela meio confusa.
   -Você está bem? –perguntou ele.
   -E...eu acho que sim,,,
   Marcela aproximou-se nesse momento, seguida por AJ.
   -Rita, você está legal?
   -Que bom que você está aqui...me diz que é mentira, que eu não estou vendo o Kevin, que ele não está falando comigo, me diz, Marcela!!!
   Marcela percebeu que Kevin e AJ se  olhavam de um modo meio estranho. “É claro, eles não entendem português...” . Marcela tentou manter-se calma e responder às perguntas de Rita.
   -Rita, você não está sonhando, eles estão realmente aqui e nos ajudaram...você desmaiou, e é por isso que você deve estar meio confusa...
   Ela parecia cada vez mais perplexa:
   -Eu desmaiei na frente do Kevin? Ai, eu quero morrer!
   -Não foi tão ruim, pelo menos ele te pegou no colo...foi o que o AJ me disse...
   -O Kevin me pegou no colo? Eu posso morrer que já estou feliz!
   Só então elas perceberam que eles estavam olhando para elas com total perplexidade. Marcela virou-se e começou a falar em inglês:
   -Nos desculpe, estávamos resolvendo um probleminha...não queríamos mantê-los fora da conversa de jeito algum.
   -Não há problema...mas vocês poderiam dizer ao menos quem são?
   Marcela ia responder, mas algo a fez perder a fala: o quanto AJ estava lindo. Ele usava uma calça marfim e uma camiseta verde, que deixava à mostra todas as tatuagens (menos o 69, é claro....infelizmente ele não usava uma blusa “Larger Than Life”.. não que eu goste da blusa, mas a barriguinha desse homem é uma COISA!!!). Quase que por um milagre ele não usava óculos, o que deixou Marcela ainda mais feliz...os olhos dele eram tão lindos. Ainda mais belos que nas fotos. O cabelo dele estava castanho e com cachinhos embaixo, era meio difícil de ver, mesmo embaixo do chapéu de cowboy de oncinha (gente, eu tinha que colocar ESSE chapéu...). Marcela ficou cinco minutos contemplando aquela maravilha da natureza, totalmente sem fala, até que Rita deu um tapinha de leve no ombro dela:
   -Disfarça, você está dando bandeira demais...
   Marcela sorriu para AJ, que retribuiu o sorriso.
   -Bem, nós estamos hospedadas aqui, meu nome é Marcela , essa é minha amiga Rita...há algo mais que vocês gostariam de saber?
   Rita estranhou a pergunta de Marcela. “O que será que ela quer que eles nos perguntem? Se gostaríamos de casar com eles?”
   -Bem, já que estão hospedadas aqui, vocês querem que a gente acompanhe vocês até seus quartos? –perguntou AJ.
   Rita ia responder que sim, como não?, mas Marcela interveio:
   -Não será necessário, parece que não ficou nenhuma seqüela do nosso “acidente”, nós nos vemos por aí...
   -Vocês têm certeza? –perguntou Kevin.
   -Claro que sim, estamos bem, não é, Rita?
   Rita estava totalmente perplexa com Marcela, que só conseguiu acenar com a cabeça.
   As garotas levantaram-se e Marcela se lembrou que ainda havia papel e caneta no bolso de sua calça. “Nunca se sabe se vou encontrá-los novamente...”. Tirou papel e caneta do bolso e deu-os à AJ:
   -Será que você poderia me dar um autógrafo?
   -Claro que sim, Marcela.
   Kevin também deu seu autógrafo à ela e à Rita. Depois elas saíram do jardim e foram para o quarto. Já dentro do elevador, Rita finalmente falou com Marcela. Estava completamente irritada:
   -Como você pôde? Como pôde responder por mim? Eu não queria, eu queria ficar lá, ficar lá com o Kevin!!
   -Deixa de idiotice, queria ficar lá com o Kevin? E o que iria acontecer? No máximo vocês conversariam por alguns minutos e depois ele iria te deixar porque ele tem compromissos...
   -E como vai ser agora?
   -Fica calma, se tudo correr como eu estou planejando, o AJ vai ler aquele bilhete e nós vamos nos encontrar de novo...
   -Você promete?
   -Você sabe que eu odeio prometer algo, mas dessa vez acho que vai dar certo.
   -Espero que sim.
   Elas chegaram ao 14o andar e dirigiram-se ao quarto. Quando entraram, encontraram a maior bagunça que alguma delas já havia visto:
   -O que é que está acontecendo aqui? É algum novo furacão? Deixa eu advinhar o nome: furacão Nick Carter? Com todo aquele traseiro não seria difícil fazer uma bagunça desse tamanho... –disse Marcela.
   Carlota pegou um dos travesseiros e jogou na direção de Marcela. Como os reflexos dela eram rápidos, quem acabou sendo acertada foi Mariana, que estava saindo do banheiro.
   -Mas o que foi que eu fiz? –perguntou ela, ajeitando os cabelos negros.
   -Desculpa, Mari. Não era pra você, mas para a Marcela. –respondeu Carlota.
   Marcela e Rita estavam se olhando demais. Queriam contar a novidade, mas as outras pareciam tão preocupadas em brincar com os travesseiros que elas ficaram entediadas. Mas Marcela, como sempre ansiosa, não conseguiu evitar. Subiu em cima da cama e parou com a guerra de travesseiros:
   -Parem com isso!!! Tenho uma notícia muito importante para dar...eu e Rita, não é mesmo, Rita?
   -Claro que sim...quem vai falar, eu ou você?
   -Posso Ter a honra?
   -Vai em frente, afinal, você sabe um pouco mais que eu...
   -Gente, enquanto vocês estavam aqui dormindo, eu e Rita fomos passear pelo hotel e encontramos um jardim maravilhoso...
   -E... –assentiu Flávia.
   -E aí que vem a parte mais legal: é, bem, eu e a Rita...a gente, nós...
   -Fala logo, Marcela, está me deixando nervosa.... –disse Mariana.
   -A gente...nós...nós encontramos com o AJ e o Kevin. Pronto, falei.
   O que aconteceu foi uma sucessão de gargalhadas histéricas. Nenhuma das garotas acreditou no que havia acontecido. Elas só começaram a acreditar, quando Marcela mostrou os autógrafos a elas.
   -Vocês não podem ser tão burras a ponto de não reconhecer a letra dos seus ídolos. –afirmou Marcela.
   Mariana e Flávia trocaram olhares e finalmente atingiram o grau de perplexidade que Marcela e Rita queriam. Mariana, já recuperada do choque, pulou em cima de Marcela e começou a agarrá-la:
   -Eu não posso acreditar, você foi carregada no colo por AJ McLean e eu estava aqui nesse quarto e não presenciei a cena...eu nunca vou me perdoar por isso...vem cá, você viu o Totó?
   -Não, infelizmente não, bem que eu queria dar uns amassos nele enquanto você não se aproxima dele, mas não foi possível atender ao meu pedido. Era AJ ou Brian...aí você sabe, o coração fala mais alto e eu escolhi...o Brian, mas como ele estava um pouco ocupado, eles mandaram o AJ mesmo... –disse Marcela em tom irônico. –Mas você sabe que isso tudo é uma brincadeira...eu amo o AJ e nunca o trocaria pelo Brian.
   -Acho bom mesmo isso ser só brincadeira...
   -E é, pode confiar.
   -E agora, o que nós vamos fazer? –perguntou Carlota.
   -Eu espero que eu os encontre novamente, aí quem sabe eu consiga falar com o AJ sem gaguejar. –disse Marcela.
   -Já seria um progresso... –concordou Rita.
   As horas passaram e as cinco garotas, que já àquela hora estavam no saguão sentadas, já estavam cansadas de esperar e não ver os garotos.
   -Já cansei, vou subir. –disse Marcela.
   -Fica mais um pouco, vai fazer o que sozinha lá no quarto? –indagou Flávia.
   -Dormir, é o jeito, né? Vocês vêm?
   -Não, nós vamos ficar aqui um pouco mais... –respondeu Carlota.
   Marcela saiu do saguão e caminhou até os elevadores. Esperou alguns segundos quando o mesmo chegou. Ela entrou e dirigiu-se para seu andar. Por um momento, o elevador parou no 3o andar, aonde ficava o salão de ginástica, que também era usado para festas. “Mais um daqueles hóspedes estúpidos vêm aí.”, pensou ela. Quando as portas do elevador se abriram, quem ela viu não foi mais um hóspede estúpido, e sim AJ. Ela gelou até o último fio de cabelo ao pensar na possibilidade de ficar sozinha com ele dentro de um elevador: “Provavelmente ele nem vai me reconhecer.”, pensou ela, amarga.
   -Oi, Marcela. –disse ele, sorrindo e exibindo os dentinhos de coelho.
   -Você lembra de mim?
   -Claro! Como poderia esquecer? A garota que ficou catatônica ao me ver. Sabe, isso nunca aconteceu comigo. As garotas geralmente pulam no meu pescoço ou desmaiam, mas nunca nenhuma ficou do jeito que você ficou. Por isso não vou me esquecer.
   -Desculpa mais uma vez.
   -Desculpa nada, eu adorei, pelo menos eu não tive de ficar ouvindo todos aqueles gritos histéricos. –ele percebeu que estava falando besteira, afinal ela era uma fã, e se redimiu: -Não que eu não goste, eu adoro, mas às vezes é bom dar uma variada.
   -É claro que sim. –respondeu ela meio confusa.
   -Para onde você está indo? –perguntou ele.
   -Pro meu quarto e você?
   -Eu vou para um lugar que eu descobri na primeira vez que vim aqui pro Hilton. Quer vir comigo?
   -Ir com você? Tem certeza? –Marcela se arrepiou toda ao pensar no que podia acontecer no tal lugar. –Mas é claro que sim! –respondeu ela rapidamente. –Mas tem um probleminha, eu tenho que avisar às minhas amigas que eu vou sair com você ou então elas vão pensar que eu fui seqüestrada ou algo parecido.
   -Nada de avisar a ninguém. Passa no seu quarto e deixa um bilhete para elas.
   -Boa idéia. Vem comigo? –ela perguntou em tom provocativo.
   AJ olhou-a perplexo. Mal acabara de conhecê-la e ela já o estava convidando para ir ao quarto dela. Onde imaginaria que na época de escola, onde todos o tratavam como lixo, tantas garotas iriam cair aos pés dele daquela maneira?
-Por que não? –perguntou.

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